PF diz que Mauro Cid buscou apoio jurídico em tentativa de golpe
Segundo o documento, Cid compilou estudos que tratam da atuação das Forças Armadas para “Garantia dos Poderes Constitucionais e GLO”
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid “reuniu documentos com o objetivo de obter o suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado”, segundo análise da Polícia Federal do celular de Cid. O ofício com informações sobre a análise foi obtido pelo Metrópoles.
Segundo o documento, Cid compilou estudos que tratam da atuação das Forças Armadas para “Garantia dos Poderes Constitucionais e GLO”. Os textos tratam “da possibilidade do emprego das Forças Armadas, em caráter excepcional, destinado a assegurar o funcionamento independente e harmônico dos Poderes da União, por meio de determinação do Presidente da República”.
O documento teria servido de base para a elaboração da minuta do golpe, encontrada pela Polícia Federal no celular de Cid.
O texto foi enviado às 23h39 dia 28 de novembro de 2022 e cita o que seria, no entendimento do autor, a prática de atos ilegais por parte dos tribunais superiores, “desvirtuando a ordem constitucional” e ao final declara o estado de sítio, seguido de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem.
O documento teria servido de base para a elaboração da minuta do golpe, encontrada pela Polícia Federal no celular de Cid.
O texto foi enviado às 23h39 dia 28 de novembro de 2022 e cita o que seria, no entendimento do autor, a prática de atos ilegais por parte dos tribunais superiores, “desvirtuando a ordem constitucional” e ao final declara o estado de sítio, seguido de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem..
Mauro Cid está preso desde o início de maio após uma operação da PF sobre fraudes em cartões de vacina, na qual seu telefone acabou apreendido.
Mensagens
Mensagens obtidas pela PF no celular analisado revelam um dos diálogos entre Cid e o entãeo subchefe do Estado Maior do Exército, o coronel Jean Laward Junior. A conversa ocorreu dias antes do fim do mandato de Bolsonaro e mostra frases como: “O presidente vai ser preso”, “Ferrou, vai ter que ser no voto”, “Pelo amor de Deus, faz alguma coisa”, e “Convença o 01 a salvar esse país”.
Lawand e Mauro Cid mantiveram contato mesmo após a derrota de Bolsonaro nas urnas, no fim de 2022. Nas conversas que tiveram durante o período, o coronel cobrou, em diversos momentos, um plano para “salvar” o país, além de algo prático para contestar o resultado das eleições
Veja os diálogos
Diálogo entre o coronel Lawand Junior e Mauro Cid no dia 1º de dezembro:
– Cidão [Mauro Cid], pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele, cara. Se os caras não cumprirem, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprirem a ordem do… do comandante supremo. Como é que eu vou aceitar uma ordem de um general, que não recebeu, que não aceitou a ordem do comandante. Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O Presidente vai ser preso. E pior, na Papuda, cara. Na Papuda, porque até isso aquele filho da puta quer tirar dos caras. O direito de ser preso é.. prisão especial com curso superior. Vai tirar, Cid. Temos que pensar, cara. Não podemos ser agora racional, não. E… emotivo. Tem que ser racional, cara, pelo amor de Deus – falou o subchefe do Estado Maior do Exército.
– Mas o PR [Bolsonaro] não pode dar uma ordem se ele não confia no ACE”, disse o tenente-coronel Cid, se referindo ao Alto-Comando do Exército.
– Então, ferrou. Vai ter que ser pelo povo mesmo – rebateu Lawand.
Mensagem enviada por Lawand a Cid no dia 2 de dezembro:
– Meu amigo, na saída do QG encontrei com o Rosty. Foi uma conversa longa, mas para resumir, se o EB receber a ordem, cumpre prontamente. De modo próprio o EB nada vai fazer porque será visto como golpe. Então está nas mãos do PR – falou o coronel, se referindo ao Exército Brasileiro como EB e ao presidente por PR.
Troca de mensagens no dia 12 dezembro:
Maryhanderson Ramos ovil